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PINTURA

À MARGEM DE CERTA MANEIRA | 2021

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Data a anunciar em breve...

À MARGEM DE CERTA MANEIRA | 2021

 

EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL

ÁRVORE COOPERATIVA DE ACTIVIDADES ARTISTICAS, CRL  | PORTO

SALAS 1, 2 e 3

 

CURADORIA | Tatiana Engelbrecht
A MARGEM DE MANUELA PIMENTEL
Revolta. Confusão. Caos. Inversão de papéis. Metamorfose. Transformação.Dicotomia entre caça e caçador. Envolvência do medo. Assepsia como tentativa de salvação. Uma nova-velha indumentária como prenúncio da redenção. A morte como parceira de dança num baile às avessas. Sonhos cancelados. Planos soterrados. Isolamento. Recolhimento. Introspeção.Abraços recolhidos. Beijos não trocados. Afetos proibidos.  A casa como o único mundo possível. De maneira delicada, amorosa, Manuela Pimentel encontra nas ruas o mote, a inspiração e a matéria-prima para o seu trabalho. Velhos cartazes arrancados das paredes são por suas mãos transformados em azulejos que estabelecem com o espectador uma relação de familiaridade e proximidade e, ao mesmo tempo, de certa estranheza. É nessa recolha de materiais aparentemente caótica e aleatória que a artista projeta pequenas janelas para a alma. Primoroso exercício de reproduzir um mundo exterior imaginado, numa metamorfose incessante entre o que está dentro (de seu ateliê e de si mesma) e fora dos domínios pelos quais transita. Por trás de imagens sedutoras, sublimes, que remetem a glórias passadas, traduzidas no imaginário da nobre azulejaria do século XVII, Manuela Pimentel insinua gestos de rebeldia, inquietação e inconformismo. Fragmentos de realidade são reunidos e rearranjados sob uma linguagem única, que, entretanto, revisita emblemáticas décollages produzidas por mestres como  Raymond Hains e Mimmo Rotella. Ao recontar, recolar, remontar o passado de Portugal, transparece em Manuela o desejo de reconstruir, recompor, passar a limpo a sua própria existência. O resultado são obras detalhadas, costuradas com afeto e que parecem não estar prontas. Há sempre espaço para uma nova observação, mais uma interpretação. São obras perturbadoras que iludem, confundem. Na amálgama visual enraizada no imaginário popular parece não haver margem para o engano. Mas qual não é a surpresa – seria deceção, para alguns? – ao assimilar que os enormes painéis não são exatamente aquilo que os olhos se habituaram a ver. É nesse jogo fantasioso que se dá a magia do trabalho de Manuela Pimentel. A força da sua obra vem ainda da palavra. A palavra arrancada das paredes que chega às suas mãos por vezes intata, outras vezes, aos pedaços. Uma frase. Uma notícia. Uma poesia. Um emaranhado de letras. Não importa. A palavra cumpre papel determinante no seu fazer artístico. Está sempre impregnada de sentido. A chuva, o pó, a energia da rua preservada e aprisionada. E, por fim, transposta para grandes telas nas quais se desenrolam narrativas próprias. 
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